Um padre de 60 anos da Arquidiocese Militar do Brasil, que foi denunciado por uma venezuelana de tê-la estuprado três vezes, foi suspenso na manhã desta sexta-feira (5) do uso de suas ordens. Segundo a assessoria de imprensa da Arquidiocese de Manaus, isso significa que o Pe. não pode atuar, temporariamente, no cargo eclesiástico.
Em Boletim de Ocorrência (B.O) registrado no 5º Distrito Integrado de Polícia (DIP), a venezuelana refugiada contou que ela e o sacerdote se conheceram em um abrigo da Igreja Católica, localizada na rua José Tadros, no bairro Santo Antônio, local onde a mulher identificada com a iniciais A. H. Y. ficou por semanas. A denunciante destacou que, por telefone, o religioso fazia elogios a ela dizendo que a amava, a chamando de “meu anjo” e “minha flor”.
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A mulher relatou que foi estuprada três vezes e que o padre falava durante e após os crimes que ela seria curada da doença. A venezuelana conta no B.O que o suspeito utilizou da própria profissão para abusar do seu corpo. Segundo ela, no momento da ejaculação na sua vagina, o padre gritava: “Deus te ama, Deus te ama”.
Por meio do número que consta no B.O, a reportagem do Portal A Crítica entrou em contato com o padre denunciado pelos crimes de estupro. Por volta das 9h25 desta sexta-feira (5), ele se limitou a declarar que não estava sabendo do caso.
O Comando Militar da Amazônia (CMA) informou, por meio de nota, que o padre denunciado é Tenente-Coronel da reserva. “Ele está ligado ao Ordinário Militar, mas sem autorização para o Exercício das funções Sacerdotais em âmbito Militar”, diz o CMA.
“Vale ressaltar que o Exército Brasileiro não compactua com qualquer tipo de ação delituosa cometida por seus integrantes, sejam estes da ativa ou da reserva, e aguarda o esclarecimento dos fatos pelas autoridades competentes”, finaliza a nota.
Crime no dia 18
O primeiro crime de estupro relatado à polícia teria acontecido no dia 18 de maio deste ano, por volta das 10h. A denunciante conta que o padre passou no abrigo, e a convidou para sair. Ela aceitou o convite, mas o homem teria dito que precisava deixar em seu apartamento, localizado no bairro Flores, algumas compras.
Trecho do Boletim de Ocorrência. Foto: Reprodução
Ao chegar no imóvel, a venezuelana narra no B.O que o sacerdote a ofereceu um suco e, logo em seguida, ela começou a ficar tonta, sem conseguir ter reações ou fazer movimentos. Depois, A.H.Y. diz que o suspeito a levou até o quarto e colocou uma vestimenta de padre. Neste momento, ele começou a dizer que iria curar a jovem do câncer, passando a tirar a roupa dela.
A refugiada lembra que o sacerdote passou a tocar em suas partes íntimas, deitando em seu corpo no momento em que realizou a penetração vaginal sem uso de preservativo. Ela disse que não teve forças para reagir e que falava para o padre que estava sentindo muitas dores, mas ele continuou cometendo o crime.
Ainda no B.O consta a informação que após o estupro, o suspeito levantou a calcinha da venezuelana e disse para ela guardar a roupa íntima, pois, já que tinha o cheiro dele, ela seria curada do câncer. A mulher relatou para a polícia que, ao chegar no abrigo, começou a sentir muitas dores e no outro dia decidiu ir até o Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto, localizado na Zona Centro-Sul de Manaus, onde ficou internada durante oito dias.
Pânico de refugiada
Para a polícia, A.H.Y. contou que foi abusada sexualmente pelo padre outras duas vezes. A segunda ocasião foi no dia 26 de maio – no mesmo dia que a jovem tinha recebido alta do hospital por ter tido dores depois de sofrer o primeiro crime sexual.
Segundo relato da jovem de 29 anos, o padre a buscou pela manhã, junto com o pai dela, no Hospital 28 de Agosto, os deixou no abrigo, e falou que à tarde voltaria para comprar medicamentos junto com ela. Por volta das 17h, o suspeito passou no local e levou a refugiada até o seu apartamento.
A.H.Y. contou à polícia que ficou em pânico, mas acabou tomando um suco oferecido pelo padre e ficou com os mesmos sintomas da primeira vez que ingeriu a bebida. Em seguida, ele colocou um traje com a cor marrom dizendo que aquela era uma vestimenta de cura. Ela conta que mais uma vez, o padre a levou para o quarto e consumou a penetração sem consentimento. Ele também falava “Deus te ama”, na hora da ejaculação na vagina da denunciante.
Novo crime após tratamento
A denunciante relata que no dia 13 de junho – dia do terceiro crime – ela estava em tratamento na Fundação Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (Hemoam), quando o padre passou para buscá-la, tendo ele levado para o próprio apartamento.
A.H.Y. conta que o religioso praticou o mesmo ato das outras duas vezes, mas dessa vez deu-lhe também um soco. Segundo a venezuelana, ela ficou tonta com a bebida e com o golpe, foi quando o homem teria cometido mais uma vez o crime de estupro. Depois, segundo consta no B.O, o suspeito teria levado a mulher novamente para a fundação para ela continuar com o tratamento.
A mulher relata ainda que o padre deixou um envelope, com o valor de R$ 550, na secretaria do abrigo para que ela voltasse para a Venezuela. Ela explicou que não iria, pois em seu país natal não tem medicamentos para o tratamento dela.
Ameaças
No boletim de ocorrência, a venezuelana relata também que o religioso a ameaçava para que ela não contasse sobre os crimes ao pai e às autoridades da capital.
Segundo a denunciante, o suspeito falava que ela iria ser expulsa do país e que não teria mais tratamento médico no Brasil, caso ela contasse o que houve, pois ele é Coronel do Exército.
Outra parte do Boletim de Ocorrência que a reportagem teve acesso. Foto: Reprodução
De acordo com A.H.Y., ela e o pai decidiram sair do abrigo após não aguentar a situação e decidir contar tudo sobre os crimes. Ela completou que o padre seguiu lhe mandando mensagens depois do ocorrido, mas a venezuelana acabou o bloqueando no WhatsApp.
Investigações
Por meio de nota, a assessoria de imprensa da Polícia Civil do Estado do Amazonas informou que o caso foi registrado no dia 3 de julho no 5º Distrito Integrado de Polícia (DIP).
Segundo a PC, a vítima relatou que o padre de 60 anos usou o álibi de que seria curada de um câncer, caso tivesse relações sexuais com ele. A polícia informou que sobre o caso, foi solicitado que a mulher fizesse o exame de corpo de delito.
A PC completou que as investigações sobre o ocorrido seguem em andamento e mais informações não poderão ser repassadas no momento.
Padre diz que não sabe de nada
Por meio do número que consta no B.O, a reportagem do Portal A Crítica entrou em contato com o padre denunciado pelos crimes de estupro. Por volta das 9h25 desta sexta-feira (5), ele se limitou a declarar que não estava sabendo do caso.
(Com informações de A Crítica)
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